14.11.09

Espetaculo MAR(ia-sem-ver)GONHA - SESC Garagem 2009 - percurso




1 Comments:

Blogger Bia Medeiros said...

alucinante, dançando no meio da boate, com luzes amarelinhas, brincando de pular corda e girar o frango no pique bandeira.
– Maria sem vergonha!
Engolindo o samba, ela grita:
– Na minha casa tem um pé de siririca.3
Dançar noite adentro na boate nos deixa excitados. Continuum de movimento, corpo volátil, vibração, seguimos dançando no infinito do led, no caminho de volta pra casa. Dançar lúcido? Lúdico? São?
A Festa. Espetáculo Mar(ia-sem-ver)gonha
São
...por dentro ou tem por propriedade o gosto pela dança que, alegrando os músculos, as articulações, os ossos suados, nos fazem lembrar de coisas esquecidas, dançando. Trata-se do Corpos ossificando-se com o Osso.4
Há também a propriedade lúdica das coisas. O pipoqueiro distribui pipocas enquanto, no palco, todos assistem televisão. Sem televisão, veem-se radiografias no retroprojetor. Momento de respiração, pipoca rosa e inspiração, pipoca branca e expiração. Piração cansada de tanta televisão.
– Mas eram apenas videoarte.
– Videoarte também é comunicação unilateral. Silêncio daquele que só tem direito a ver, visionar e se calar.
A ingratidão do inseto
Rádio, remendo, televisão, internet, labirinto? As políticas mundiais, intermináveis labirintos, laribintos, laribirintos birutas de intenções híbridas. Conspirações e diplomacias determinadas pelo poder econômico e militar escorregam na cegueira das guerras, caminham de cara para o futuro das verticalidades, fazendo do futuro o minotauro que o espera, para matá-lo ou beijar-lhe a boca, sem sedativos. Presente.
O mundo se espreguiça e acorda a todo momento, caminha e morre, faz música e enlouquece. Na escala dos movimentos, os grandes reverberam como uma enorme vibração que comunica, impõe ou empresta algo. O Brasil acorda, acorda o estado de Goiás, acorda Brasília, todos adormecem, mas estamos todos acordados?
O labirinto não para de crescer. Decidimos que é melhor dançar e beber o mel da mosca, transitar na horizontal das coisas, caminhar pelo pequeno do dia, nas proximidades mais próximas, onde tem cachaça e vizinhança. Escapar da repetição, migrar-lhe algo de dentro. O labirinto não se repete em muros da mesma cor e material. Faz isto para enlouquecer os indivíduos com velocidade. Ele está dentro, mas mora fora.
O labirinto cresce paradoxal, incompreensível. Nele, curtas distâncias operam na confusão do mais próximo e objetivo: corpo. Céus virtuais. Janelas para funcionários-pássaros, sedentários que trabalham oito horas diárias em salas condicionadas de ar e luzes halogênicas. Morrem de depressão sem um local de voo.
Isso nos faz aceitar a vida de gaiola e concomitantemente nos deixa livres e soltos, criativos e conquistadores de downloads gratuitos. Todo corpo se expande em pixel e a carne vira água parada, o mar se abre na tela, dispondo novas aventuras para o HD cefálico e o riso amarelo, enquanto, pálido, o corpo afunda. “Se descreve o mundo tal qual é, não haverá em tuas palavras senão muitas mentiras e nenhuma verdade." (TOLSTÓI apud ROSA, 2001, 226)
Mas, quem vai preso no labirinto? Angustiado, o transeunte encontra-se debatendo pelos portões do mundo, redesenhando sua sombra com socos e pontapés nas escadas inferiores do seu esplendoroso labirinto. Aqui não há Dina a ser chamada. Um ser egocêntrico perfila como animal nas saias rodadas do destino, na futrica do
escritório, na sua acédia na raquete de choque mata-moscas, na grande novidade. Inauguramos o agora. E nossas fossas, também são labirínticas?
As fossas se cavam no chão. E foi do chão, do parto e da vagina que nasceram santos, budas e cristos. Inegavelmente, algo ocorre em terras e solos sagrados pelo mundo. Sendo assim, de mentes e solos sofridos, reprimidos e enérgicos poderiam nascer seres brutos meio-homem meio-animal, averiguados na concretude, materialmente bem constituídos.
Creta existiu e existe. Sua lendária sociedade explodiu numa erupção! E o Japão? Os moradores do labirinto são seus próprios arquitetos-construtores.

October 4, 2011 at 9:16 AM  

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